sábado, 16 de maio de 2009

Governador Gabriel Teixeira: 1940-1946

O capitão-de-mar-e-guerra Gabriel Maurício Teixeira foi Governador de Macau entre 1940 e 1946, uma governação marcada pela guerra sino-japonesa. A 5 de Agosto de 1946, Macau vivia momentos difíceis quando o comandante do "Afonso de Albuquerque", Samuel Conceição Vieira assumiu as funções de encarregado do Governo, por um período de treze meses, em substituição de Gabriel Maurício Teixeira, afastado de Macau, a pedido das autoridades chinesas, que o acusavam de ter colaborado com os japoneses durante a guerra do Pacífico.

distribuição de arroz
À chegada a Portugal o antigo governador proferiu uma conferência realizada no dia 3 de Setembro de 1946 na sala do Conselho do Império do Ministério das Colónias. Perante os "representantes da imprensa" resumiu os anos da sua governação. Segue-se um excerto.
(...) Macau chegou a ter entre 450 mil a 500 mil habitantes, ou seja, uma população tripla do normal. (...) Chegaram a morrer de fome 27 mil pessoas no primeiro ano de guerra. A média atingiu mesmo, em certo período, um pouco mais de 3 mil mortos por mês. (...) conseguiu-se reduzir aquele número para 600 (a partir de Outubro de 1942). (...) Quando os japoneses invadiram os terriórios vizinhos refugiaram-se em Macau mais de 26 mil crianças.
A cólera provocava muitos mortos. E a fome também. A moeda de nada valia. Imperava o mercado negro e o racionamento. Para conseguir bens o Governo teve de fazer vários negócios com os japoneses. um deles foi a venda da canhoneira Macau, "ou melhor, do velho casco da canhoneira, foi uma óptima operação para a Colónia. Custou cerca de 80 mil patacas há 40 anos. Vendeu-se em troca de arroz e outros géneros indispensáveis por um milhão de patacas." (...) Fez-se a reforma tributária no sentido de libertar Macau da tirania do ópio e do jogo. Aboliu-se por completo o ópio."
Mas não foi só o Governo que contribuiu para que, ainda assim, a vida de milhares de refugiados fosse poupada. Não fora o extraordinário papel das missões religiosas e o saldo de mortes teria sido ainda mais dramático. Macau escapou à guerra de forma directa, mas o Território nunca mais seria o mesmo. Só a partir de meados da década de 1950 a situação melhorou.

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