terça-feira, 12 de maio de 2009

Greve em 1922

vista geral ca. 1925
ilha de coloane
cemitério na taipa


"Os ânimos na China andavam exaltados, mercê da activa propaganda russa entre os chineses, e de Cantão, foco vermelho de sempre no sul do ex-Celeste Império, irradiara para Macau, como não podia deixar de suceder o cirus da revolta introduzido metodicamente pelos agentes (...) que, nas escolas, quartéis, oficinas, ruas e campos, tinham estendido habilmente a rede da sua propaganda, cujos resultados no espírito simplista da população chinesa, a quem faziam crer que os senhores de hoje passariam a criados de amanhã, não se haviam de fazer esperar."
A descrição é de Jaime do Inso, marinheiro (capitão-tenente e comandante da canhoneira Patria) em Macau na época. Segundo ele, a pretexto de um funeral, no dia 1 de Maio de 1922 "onde os chineses costumavam dar largas a um simbolismo fantástico" as coisas azedaram. Conta ele que um landim terá feito um comentário a uma chinesa na zona do bazar que foi como um rastilho naquela situação.Os desacatos sucederam-se e houve vários chineses presos "na esquadra do largo do Chip-Seng. A multidão juntou-se toda a noite exigindo a libertação dos presos. Para reforçar posições a lancha Almirante Lacerda saiu da Praia Grande em direcção ao Porto Interior. À chegada, "numa atitude de desrespeito" os chineses tiraram a espada ao comandante da lancha. Foi a explosão final.
Diz Jaime do Inso que as forças disparam sobre a multidão provocando mortos e feridos. A maioria da população chinesa que trabalhava como criados (cúlis) saiu do território. "Os poucos que ficaram fecharam-se em casa." As portas do Cerco fecharam-se. Macau ficou sem abastecimentos e sem criados. O pouco que chegava ao território provinha de Hong Kong pelas lanchas da capitania e era racionado. "Cerca de 3 meses durou esta situação crítica e tensa." As coisas do lado chinês sofreram uma reviravolta (ainda os efeitos da proclamação da república por Sun Iat Sen...) e aos poucos os chineses que antes tinham partido regressaram a Macau. Lou Lim ieoc e Xi-Cheong ajudaram a apaziguar a situação.


Junto às Portas do Cerco

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