quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Cursos de gastronomia macaense

A Associação dos Macaenses (ADM) e a Confraria da Gastronomia Macaense assinam hoje um protocolo de cooperação para que os sabores desta terra cheguem a mais pessoas. A comida macaense é tão antiga que é necessário percorrer vários séculos até chegar às suas raízes. Assim, o objectivo é continuar a fortalecer os fios da tradição, que às vezes a passagem do tempo quer quebrar, divulgando as características desta culinária, que faz parte “do património cultural macaense”.
A ideia ganhou força durante a época de Natal, altura em que a ADM organizou workshops de culinária “com um grande sucesso”, recordou ao JTM Luís Machado, presidente da Confraria da Gastronomia Macaense. Miguel de Senna Fernandes, presidente da ADM, tomou a iniciativa, notando que o papel da Confraria será o de “complementar e tentar prestigiar os cursos que a ADM leva a efeito, através da sua chancela”, prosseguiu Luís Machado. “Vamos ajudar com os nossos gastrónomos, que transmitirão os seus muitos conhecimentos sobre culinária macaense”, acrescentou.
Por sua vez, Miguel de Senna Fernandes, salientou que a ADM, que atribui grande importância à culinária macaense, pensou nesta união para possibilitar cursos com papéis mais sólidos e com mais “confiança”. Como contou ao JTM, “em Macau as pessoas falam de cursos, gostam de comida macaense, há um certo interesse em aprender, mas muitas vezes querem um curso que dê o mínimo de credibilidade”. Para Miguel de Senna Fernandes, não estão em causa as pessoas que têm ministrado os cursos, porque são exímias nesta arte, mas sim a falta de um “símbolo” que reconheça as lições aprendidas. Os “cursos ministrados através deste protocolo darão uma certificação, nem que seja com o símbolo, e isto é importante”, disse.
Esta ideia que, ganhará hoje forma em documentos, pelas 18:30 na sede ADM, visa na verdade abrir o livro dos ensinamentos num sentido prático. “Vão ser cursos de formação pensados sempre pela via prática com pessoas exímias na cozinha”, salientou Miguel de Senna Fernandes, acrescentando que serão escolhidos pratos macaenses típicos para que as pessoas possam aprender a cozinhá-los.
O local do curso e os professores ainda não estão definidos, mas logo após a assinatura do protocolo, começam a definir-se estratégias que serão ajustadas às necessidades. Para já, parece certo que nesta receita não estão previstas formações de longa extensão.
Nos cursos, que poderão até ser organizados em vários módulos, pretende-se que os participantes, que em princípio já se aventuraram no fogão, “adquiram os conhecimentos da cozinha macaense”, que se têm perpetuado no tempo através de receitas, muitas ainda escritas em simples papéis.
O presidente da ADM avança também que gostava de ver a sabedoria da culinária macaense entre as várias feições do território. “Espero que vá beneficiar a comunidade portuguesa e macaense e queremos que esta iniciativa seja compreendida e aceite pela comunidade chinesa, que também está interessada na comida macaense, mas procura alguma coisa com autenticidade”, notou Miguel de Senna Fernandes, adiantando que o protocolo será também escrito em chinês.
Ambas as associações estão satisfeitas com o protocolo porque quem sai a ganhar é Macau. “A ideia é reforçar os laços de amizade e tentar juntar-se mais a força da comunidade”, referiu Luís Machado. Miguel de Senna Fernandes também não esconde a satisfação de ver em marcha mais uma iniciativa para preservar um pedaço da cultura macaense.
“Vale a pena apostar na gastronomia macaense, é uma marca de Macau e temos o dever moral de a defender”, vincou acrescentando que “este protocolo faz tudo o sentido neste contexto” e que é com agrado que vê “a abertura da Confraria para embarcar nesta aventura nobre”.
Este ano a ADM vai comemorar o seu 15º aniversário e muitas outras actividades estão pensadas. A culinária também pode continuar a crescer até serem descobertos alguns dos seus segredos. Até porque “há muita coisa que se pode fazer”, salientou Miguel de Senna Fernandes.
Artigo da autoria de Fátima Almeida publicado no JTM de 27-01-2011. Fotografia do JTM

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